Perguntas Frequentes (FAQS)

O que se entende por turismo acessível e inclusivo?

O turismo acessível e inclusivo é uma oferta turística que cumpre tanto os requisitos específicos de acesso dos clientes/turistas com necessidades especiais como os que relevam do seu adequado atendimento.
Na relação interpessoal e na prestação do serviço, o adjetivo inclusivo é o termo adequado para significar o tratamento com igualdade, respeitando a diferença e respondendo adequadamente às suas necessidades específicas.

Turismo acessível e inclusivo é sinónimo de turismo para todos?

A expressão turismo para todos significa a Visão, o ideal a atingir; a expressão turismo acessível e inclusivo significa a Missão, o que é preciso fazer aqui e agora para cumprir os objetivos de acessibilidade e inclusão.

Quem são os turistas com necessidades especiais/específicas?

Do ponto de vista das condições da pessoa, o conceito necessidades especiais/específicas tem origem na natureza e tipologia de limitações motoras, visuais, auditivas e intelectuais, intolerâncias e alergias severas.

Turistas com necessidades especiais são apenas aqueles que sofrem de algum tipo de deficiência?

As limitações que determinam as necessidades especiais em turismo não surgem apenas relacionadas com a deficiência, mas emergem também de situações relacionadas com o processo de envelhecimento, bem como com outras situações de limitação ou condicionamento da mobilidade, tais como, gravidez, pais com crianças de colo, obesidade, gigantismo, nanismo, etc., e também com sequelas de determinadas patologias do foro respiratório, cardíaco, neurológico, etc.

Como se traduzem as necessidades especiais nos serviços turísticos?

As necessidades especiais, quando em contexto de utilização-consumo-fruição de serviços turísticos, se concretizam em necessidades específicas de acesso (locais, espaços, equipamentos e atividades), mas também em necessidades específicas de atendimento (comunicação interpessoal, informação, orientação, apoio).

Quais os principais gostos e preferências da procura turística com necessidades especiais?

As pessoas com necessidades especiais são um segmento da procura turística cujo critério de segmentação parte das suas caraterísticas físicas e mentais e não das suas motivações de viagem, que em nada se distinguem das da procura global.

Enquanto turistas, as pessoas com necessidades especiais têm sempre o mesmo tipo de limitações, independentemente das suas circunstâncias?

Não. Uma realidade nem sempre fácil de entender é que as pessoas com necessidades especiais podem, numa situação particular, apresentar limitações e ter determinadas necessidades especiais e noutra situação isso já não acontecer. As suas necessidades especiais variam em função do contexto em que a experiência turística ocorre.

A segurança é um valor fundamental para a procuta turística com necessidades especiais?

Sim. Dada a sua situação de desvantagem face ao cidadão comum, as pessoas com necessidades especiais têm, na sua grande maioria, uma maior preocupação com as questões de segurança pois, em caso de emergência, necessitam sempre de maiores cuidados e atenções (por exemplo, numa situação de incêndio, uma pessoa em cadeira de rodas ou uma pessoa cega têm muito maiores dificuldades de evacuação, já para não falar de uma pessoa surda, que não terá sequer ouvido o alarme).
Contudo, a sua noção de segurança estende-se, também, às condições de viagem e de prestação global do serviço; por norma, gostam de planear as suas viagens com antecedência, para poderem antecipar possíveis obstáculos que possam pôr em causa o sucesso da sua experiência turística.

Quais os principais obstáculos da procura turística acessível e inclusiva?

As pessoas que integram a procura turística acessível e inclusiva precisam frequentemente de recorrer a serviços especializados, como empresas de aluguer de equipamentos (produtos de apoio), empresas prestadoras de serviços na área das AVD (Atividades da Vida Diária), farmácias, centros de saúde, hospitais, polícia ou intérpretes de LGP (Língua Gestual Portuguesa), revelando-se, assim, por um lado, a importância da construção de redes de resposta às necessidades destes clientes e, por outro lado, o elevado risco de essa rede poder não funcionar na sua plenitude.
Por outro lado, outra grande dificuldade com a qual se confrontam os turistas com necessidades especiais reside no acesso a informação pertinente, a qual, muitas vezes, só conseguem obter através de um contato direto com o prestador do serviço turístico.

Qual a proporção efetiva dos turistas com necessidades especiais, face ao total de turistas?

De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde e da Organização Mundial de Turismo, podemos situar a percentagem atual do conjunto das pessoas com necessidades especiais num patamar superior a 15% da população (World Report on Disability, OMS, 2011), uma percentagem sem dúvida já muito relevante mas que ainda deverá crescer no futuro próximo, atenta a progressão favorável da esperança média de vida.

De que forma é que a oferta em turismo acessível e inclusivo pode satisfazer as necessidades especiais?

A qualificação da oferta para poder satisfazer as necessidades especiais em turismo acessível e inclusivo implica assegurar, de forma cumulativa e integrada, três subconjuntos de requisitos: acessibilidade das infraestruturas, competências de atendimento e abordagem holística da prestação dos serviços.

Para poder proporcionar e potenciar experiências/estadas turísticas de qualidade a este tipo de clientes, a oferta precisa de dispor de uma cadeia articulada de serviços acessíveis e inclusivos cobrindo, pelo menos, os elos essenciais da cadeia (viagem, alojamento, alimentação, informação, animação) e de uma cultura de trabalho em rede entre os agentes prestadores de serviços na localidade/região.

Do ponto de vista da oferta, quais as principais vantagens da captação dos turistas referenciados no turismo acessível e inclusivo?

Os turistas referenciados no turismo acessível e inclusivo apresentam algumas caraterísticas que os tornam especialmente interessantes para o negócio turístico: apresentam um gasto médio diário superior ao do turista comum; apresentam uma estada média mais longa do que a do turista comum; estão mais disponíveis para viajar em época baixa do que o turista comum; têm, em média, uma maior fidelização aos destinos, atento o ainda baixo número de casos em que as suas necessidades são preenchidas satisfatoriamente.

Quais as medidas a implementar para melhorar a oferta turística acessível e inclusiva?

Para melhorar a oferta acessível e inclusiva as unidades turísticas necessitam de se preparar para a diversidade, ou seja, além da acessibilidade física (rampas, corrimãos, espaço entre mobiliário, portas largas de fácil abertura e acesso, etc.), precisam de sinalética adaptada (em braille, em relevo, contrastante, etc.), de meios de comunicação alternativos (escrita simples, áudio-guias, braille, tradutores online de LGP, etc.), de acesso a equipamentos técnicos de apoio (cadeiras de banho, barras de apoio, telefone com texto, etc.) e de uma equipa motivada e com competências específicas de atendimento.